Creches caninas garantem segurança e conforto para os pets
Com apartamentos cada vez menores e a retomada do trabalho presencial, a creche canina deixa de ser um mero luxo e vira rotina para muitos tutores, principalmente para aqueles que decidiram adotar ou comprar um cachorro durante a pandemia
AQUECIDOS Com os termômetros na casa dos 12 graus, os cães do Clube do Vepinho realizaram parte das brincadeiras em ambiente fechado (Crédito: Emiliano Capozoli)
O Peppe, da raça Staffordshire Bull Terrier, foi o primeiro cachorro que a administradora de empresas Ana Ramos, de 29 anos, teve em sua vida. “Ele chegou à nossa casa no dia 4 de abril de 2020, com apenas três meses e no auge do isolamento, quando eu e meu marido estávamos trabalhando em modelo home office”, diz. Com os donos sempre em casa, Peppe cresceu cercado de companhia e atenção. Porém, com a volta do trabalho presencial de seus tutores, Peppe precisou frequentar uma creche canina duas vezes por semana para gastar energia e fazer exercícios físicos. Hoje, com dois anos e seis meses, o cachorro é fã do lugar que frequenta, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. “Quando não é dia de ir, mas passamos na frente do local, ele já quer entrar e tenho que explicar ‘filho, amanhã você vai’”, comenta Ana enquanto ri da situação.
A proprietária da Club Pet, Fabiana Velmovitsky, diz que é normal os cachorros gostarem dos lugares, já que há muitas atrações e “amiguinhos” para brincar. Ela conta que os clientes caninos – principalmente os que frequentam o espaço todos os dias da semana – possuem uma espécie de “agenda escolar” onde, assim como em escolas infantis, são relatadas todas as atividades do cachorro durante o dia: se comeu bem, fez as necessidades, bebeu água e se apresentou vontade de participar das brincadeiras. “Aqui não é só um lugar para os animais brincarem soltos, sem uma proposta educativa e de desenvolvimento”, diz. Há espaço para nadar, correr, escalar e uma das brincadeiras favoritas da cachorrada é “achar o petisco”, onde guloseimas são escondidas pelo terreno. Com duas unidades na capital fluminense, Fabiana está prestes a abrir uma área específica para cães de porte “mini”, uma novidade no segmento. “É comum que os cães sejam separados por tamanho e personalidade, mas os pequeninos, mesmo os valentes, podem acabar se machucando”, conta.
REFRESCADOS Com direito a vôlei aquático, os animais da DogCamp parecem até participar de uma competição oficial (Crédito:Divulgação)
Nos últimos dois anos, o mercado pet brasileiro foi um dos setores da economia que mais obteve crescimento em meio à crise financeira desencadeada pela pandemia. De acordo com o Instituto Pet Brasil (IPB), o varejo do setor, no qual se enquadram as creches, apresentou crescimento de 22% em 2021 quando comparado ao ano anterior. Já em 2022, com a volta de muitos tutores ao trabalho presencial ou híbrido, o crescimento pode ser visto dentro dos próprios estabelecimentos, que precisaram mudar de endereço ou até mesmo parar de aceitar novas matrículas. Caso do Clube do Vepinho, em São Paulo, que recentemente mudou de um espaço com 500 m2, para outro com 1500 m2. “Tivemos um aumento na procura de cerca de 60%, um dos motivos que nos levaram a procurar um lugar maior”, explica um dos sócios, Samuel Wajchman.
Entre patas e mimos
Espaços oferecem muito mais que apenas um lugar aberto aos cães
• Aulas de natação e hidroterapia
• Agenda escolar com registro das atividades feitas durante o dia
• Serviços como Reiki, massagem e cromoterapia
BEM CUIDADOS Na Club Pet, do Rio, são oferecidos serviços como a cromoterapia (Crédito:Divulgação)
Ele conta que os donos dos cachorros, e até ele próprio, acabam tratando os animais de estimação como se fossem filhos e na creche canina o comportamento não é diferente. “O horário de chegada é entre às 8h e 10h da manhã e ali os donos se despedem com abraço e beijo enquanto os cães já querem sair correndo para brincar”, diz. A variedade das atividades é sempre grande, independente do lugar contratado. Mas há estabelecimentos que vão além e oferecem serviços de massagem, cromoterapia, ofurô e até reiki. Como muitas creches possuem câmeras, os donos dos animais podem acompanhar o que acontece com seu pet.
Para Fabiana Rodrigues, responsável pela DogCamp, em São Paulo, quem precisa do serviço diário geralmente são as pessoas que moram em apartamentos e passam grande parte do dia fora de casa. “A creche ajuda a evitar alguns distúrbios como a lambedura excessiva causada pelo estresse de passar muito tempo sozinho e evita também que o animal destrua objetos na residência”, diz. Um dos pré-requisitos das creches é estar em dia com a saúde e com o calendário de vacinação. O animal também passa por um teste de adaptação. Com preços que variam de R$ 40 a R$ 200 a diária, a creche canina não é moda passageira. Parece que veio mesmo para ficar.